"Os bons ideais aproximam as pessoas que olham o mundo não apenas para si, mas para todos"Rivaldo R. Ribeiro

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30 de maio de 2011

“Se nos calarmos, as florestas gritarão”.

Qua, 25 de Maio de 2011 19:08


Coordenação nacional da CPT divulga Nota Pública sobre o assassinato dos dois ambientalistas no sudeste do Pará. A Nota destaca que "Esta é mais uma das ações do agrobanditismo e mais uma das mortes anunciadas. O casal já vinha recebendo ameaças de morte. O nome deles constava da lista de ameaçados de morte registrada e divulgada pela CPT. O de José Cláudio em 2009 e em 2010, e o de sua esposa Maria do Espírito Santo, em 2010".




NOTA PÚBLICA


“Se nos calarmos, as florestas gritarão”


A Coordenação Nacional da CPT, reunida em Goiânia para uma de suas reuniões ordinárias, recebeu com extrema tristeza e indignação a notícia do assassinato do casal Maria do Espirito Santo da Silva e José Cláudio Ribeiro da Silva, ocorrido na manhã do dia 24 de maio, no Projeto de Assentamento Extrativista, Praia Alta Piranheira, no município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará.


Esta é mais uma das ações do agrobanditismo e mais uma das mortes anunciadas. O casal já vinha recebendo ameaças de morte. O nome deles constava da lista de ameaçados de morte registrada e divulgada pela CPT. O de José Cláudio em 2009 e em 2010, e o de sua esposa Maria do Espírito Santo, em 2010. Esta lista, junto com a dos assassinatos no campo de 1985 a 2010 foi entregue ao Ministro da Justiça, no ano passado. Mas nenhuma providência foi tomada.


“José Cláudio e Maria do Espírito Santo se dirigiam de moto para a sede do município, localizada a 45 km, ao passarem por uma ponte, em péssimas condições de trafegabilidade, foram alvejados com vários tiros de escopeta e revólver calibre 38, disparados por dois pistoleiros que se encontravam de tocaia dentro do mato na cabeceira da ponte. Os dois ambientalistas morreram no local. Os pistoleiros cortaram uma das orelhas de José Cláudio e a levaram como prova do crime”, registra nota CPT de Marabá, que esteve no local do crime.


José Cláudio e Maria do Espírito Santo foram pioneiros na criação da reserva extrativista do Assentamento Praia Alta Piranheira no ano de 1997. Devido à riqueza em madeira, a reserva era constantemente invadida por madeireiros e pressionada por fazendeiros que pretendiam expandir a criação de gado no local.


Mas nossa indignação aumentou com a notícia, veiculada pelo jornal Valor Econômico do dia de hoje, 25, de que o deputado José Sarney Filho ao ler, em plenário, a reportagem da morte dos dois lutadores do povo, foi vaiado por alguns deputados ruralistas e pessoas presentes nas galerias da Câmara Federal, que lá estavam para acompanhar a votação do novo Código Florestal. Este fato nos dá a exata dimensão de como a violência contra os trabalhadores e trabalhadoras do campo é tratada. Certamente a notícia destas mortes foi recebida com alegria em muitos espaços, pois mais um “estorvo” no caminho dos ruralistas e dos defensores do agronegócio foi removido.


A Coordenação Nacional da CPT reafirma a responsabilidade do Estado por este crime. A vida das pessoas e os bens natureza nada valem se estes se interpuserem como obstáculo ao decantado “crescimento econômico”, defendido pelos sucessivos governos federais, pelos legisladores do Congresso Nacional que aprovam leis que promovem maior destruição do meio ambiente, e pelo judiciário sempre muito ágil em atender os reclamos da elite agrária, mas mais que lento para julgar os crimes contra os camponeses e camponesas e seus aliados. A certeza da impunidade alimenta a violência.


Parafraseando o Evangelho, não podemos nos calar diante desta barbárie, pois se nos calarmos, as florestas falarão (Lc 19,40).


Goiânia, 25 de maio de 2011.


A Coordenação Nacional da CPT
___________
Maiores informações:
Cristiane Passos (Assessoria de Comunicação CPT) – (62) 4008-6406 / 8111-2890
Antônio Canuto (Assessoria de Comunicação CPT) – (62) 4008-6412




www.cptnacional.org.br  


Latifundiários, ruralistas, madeireiros e seus pistoleiros contra a vida

Vinte dias antes de serem mortos a tiros, os líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo tinham enviado um documento ao Ministério Público Federal de Marabá denunciando o envolvimento de três madeireiras da região de Nova Ipixuna, no Pará, em crimes ambientais. O casal foi assassinado a tiros no interior do Assentamento Extrativista, Praia Alta Piranheira, no município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará, no último dia 24 de maio. Segundo informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Marabá (PA), José Cláudio e Maria do Espírito Santo se dirigiam de moto para a sede do município, localizada a 45 km. Conforme diz a nota da CPT. “ao passarem por uma ponte, foram alvejados com vários tiros de escopeta e revólver calibre 38, disparados por dois pistoleiros que se encontravam de tocaia dentro do mato na cabeceira da ponte. Os dois ambientalistas morreram no local. Os pistoleiros cortaram uma das orelhas de José Cláudio e levaram como prova do crime”.

Isto é uma barbaridade praticada por quem só pensa no dinheiro e não dá valor a vida das pessoas e do meio ambiente. E o pior é que os mandantes do crime tem muitos e bons pistoleiros para atacar a vida. Sabemos que José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foram assassinados por pistoleiros de madeireiras. Mas, é uma cadeia de exploração, ambição, violência e morte, onde se integram latifundiários, ruralistas e madeireiros, com seus hábeis pistoleiros, que também usam armas sofisticadas para destruir vidas. Por triste e irônica coincidência, no mesmo dia em que os pistoleiros agiram na base, assassinando militantes socioambinetais extrativistas, outros pistoleiros, outrora chamados de picaretas, também atuaram contra a vida no Congresso Nacional. Em Brasília na Câmara Federal, os deputados pistoleiros, a mando de latifundiários, ruralistas e madeireiros atiram fogo contra o Código Florestal, tentando assassinar o meio ambiente e a lei que o protege.

Temos uma prova concreta de que existe uma íntima relação entre os pistoleiros do Pará e os de Brasília. No momento em que foi dado a notícia do assassinato de José Cláudio e Maria do Espírito Santo, defensores do meio ambiente, os pistoleiros de plantão em Brasília, para detonar o Código Florestal, simplesmente entonaram uma vaia, como se o acontecido e as vítimas fossem insignificantes. Talvez os pistoleiros do Pará sejam presos, mas os mandantes do crime, infelizmente, poderão ficar livres para continuarem suas atrocidades. E os pistoleiros de Brasília, com seus colarinhos brancos e mãos limpas, como as de Pôncio Pilatos, naturalmente ficarão protegidos pelo verde das notas de dólar e pelas onças das notas de real. No entanto, temos a chance de puní-los pelo nosso voto. Oxalá Brasil.



Pilato Pereira - Pastoral da Ecologia RS

pilatopereira@gmail.com

http://www.olharecologico.blogspot.com/
 

18 de maio de 2011

ANALFABETO POLÍTICO

"Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."



Bertolt Brecht (1898-1956)


NOTA DO AUTOR DO BLOG:
É uma perfeita reflexão, entretanto as atitudes de alguns politicos afastam as pessoas que realmente poderiam contribuir para que nos tornamos uma grande nação. 


8 de maio de 2011

O biocombustível e a fome, artigo de Sergio Sebold

Todos nós temos consciência de que as reservas de petróleo são finitas. Segundo analistas e especialistas nesta área, existe ainda petróleo para os próximos 40 anos dentro dos padrões de consumo atual (75 milhões barris/dia), que em termos de tempo é extremamente exíguo. Por outro lado, o que nos choca é pensar que a natureza levou milhões, talvez bilhões de anos fermentando nas entranhas da terra para se transformar neste precioso líquido que a civilização dos anos recentes está transformando tudo em fumaça ou em produtos que levarão centenas de anos para serem digeridos novamente pela mesma mãe natureza.

Pelo conceito do “sino” de Hilbert, já alcançamos a curva superior em termos de reservas. A não ser que descobertas surpreendentes façam mudar este quadro, a civilização do petróleo está chegando ao seu fim, isto é, durou apenas trezentos anos. Diante deste quadro da extinção próxima do petróleo, o homem se atira desesperadamente, em furar a barriga de nossa mãe terra, cada vez mais profunda na busca deste precioso líquido.

Com os preços do petróleo acima de US$ 100,00 o barril, começou tornar-se viáveis outras alternativas de energia onde uma delas é o da biomassa. No desespero, para não dizer despreparo ou falta de visão das elites políticas, se lançam naquela alternativa que esteja mais próxima, ou seja, solução de curto prazo: Biocombustivel. A natureza nos oferece miríades de possibilidades neste campo, principalmente aqueles que para consumo humano são tóxicos, que poderiam ser opções valiosas como o óleo de mamona e de tungue entre outras.

A insanidade do ser humano, na busca de lucros imediatos, encontrou a solução justamente naqueles produtos nobres de consumo enérgico humano que são a cana de açúcar, o milho, oleaginosas comestíveis (soja) etc. Ou seja, estamos desviando a energia do ser humano, para uso em fins industriais e mais particularmente em combustível para automóvel. Diante deste absurdo, toda a cadeia alimentar do ser humano, pela lógica de mercado, os preços irão para as nuvens. É fácil raciocinar que milhões (talvez bilhões) de seres humanos serão sacrificados, pela força dos preços de mercado a morrerem de fome, para que outros milhões possam andar impunemente de automóveis ou adquirindo bens para satisfazerem seus sonhos e prazeres lúdicos.

Sem perda de generalidades com outras fontes de energia mais barata e menos poluente, a busca alternativa dos chamados biocombustíveis, tem se revelado como uma oportunidade de eficiência promissora, se os atuais preços do petróleo no mercado continuarem em ascensão, mas que tenhamos ao mesmo tempo superprodução de alimentos.

A grande questão está centrada no fator ambiental. O raciocínio é obvio, se a produção de alimentos for desviada para o combustível, teremos (talvez) um preço para estes mais barato, mas em contra partida o preço dos alimentos serão elevados a níveis socialmente insuportáveis. Haverá assim uma população reduzida com os confortos da civilização contra um exército de miseráveis de pires na mão. Em outros termos, o fosso entre ricos e pobres (ou miseráveis) será simplesmente humilhante. Jacques Diouf presidente da FAO, alerta para os biocombustíveis como o maior responsável pelo aumento geral dos preços dos alimentos no mundo, embora não seja a única, diante das catástrofes climáticas que estamos presenciando.

Se por outro lado, for explorado outras fontes para combustível de massa biológica não consumível pelo ser humano, veremos grandes áreas devastada para seu plantio comprometendo cada vez mais a biodiversidade. A não ser que tenhamos bom senso de explorar imensas áreas de deserto em todo o mundo com a utilização da tecnologia hoje disponível em termos agrícola.

Estamos diante do paradoxo do petróleo, embora as quantidades sejam limitadas que leva a condição de extinção, ele jamais será consumido totalmente em decorrência do efeito mercado. Ou seja, a medida do esgotamento das reservas o preço assumirá valores tão elevados, onde neste caso outras formas de energia serão utilizadas, de sorte que as reservas jamais serão esgotadas.

Sergio Sebold – Economista e Professor de Pós-Graduação do ICPG/UNIASSELVI – Blumenau – SC – sebold@terra.com.br


Artigo socializado pela ALAI, América Latina en Movimiento e publicado pelo EcoDebate, 28/04/2011

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7 de maio de 2011

Ecossistemas, artigo de Roberto Naime

A biologia favorece a aplicação de modelos para diagnósticos e prognósticos de situações através de modelos que desenvolve a partir da definição de relações hierárquicas. Um modelo é uma formulação que imita um fenômeno real, e pela qual se podem fazer projeções consistentes. Citando a Biologia clássica, a partir do livro Ecologia de Eugene Odum (Ed. Guanabara, 1988), emerge o conceito de ecossistema, como a inter-relação entre organismos vivos e não vivos que interagem entre si de forma hierarquizada.

Ecossistema é qualquer unidade que abranja todos os organismos que funcionam em conjunto em uma determinada área de espaço físico e que interajam com o ambiente com fluxos de matéria e energia que produzam estruturas bióticas definidas e ciclagem de materiais entre as partes vivas e não vivas.

O ecossistema é a unidade funcional básica da ecologia, estando parametrizada pelos níveis de organização e relações sistêmicas para definir a emergência das propriedades. Os ecossistemas têm estrutura e podem ser abordados de forma “holológica” ( por inteiro) ou “merológica” (em partes).

Dentro da biologia, é expressiva a corrente que defende o controle biológico do ambiente geoquímico, também conhecida como “Hipótese Gaia”. Este enunciado sustenta que os organismos evoluíram junto com o ambiente físico, formando um sistema complexo de controle que mantém as condições da Terra favoráveis a vida.

A dimensão biológica da abordagem ambiental em alguns aspectos, ressalta os fatores limitantes da vida (como temperatura, pressão, salinidade, umidade e outros), e as necessidades de preservação ambiental para manutenção das inter-relações.

O conceito de fator limitante pode ser bem compreendido a partir da Lei dos mínimos de Liebig. A idéia de que os organismos não são mais fortes do que o elo mais fraco de suas cadeias ecológicas foi expressa por Justus Liebig em 1840. Ele foi o pioneiro na pesquisa de fertilizantes inorgânicos na agricultura.

A presença de um organismo ou grupo de indivíduos e o sucesso de suas ações dependem da adaptação de condições próprias aos limites determinados por fatores como temperatura, salinidade, insolação, exposição, presença de nutrientes e outros atributos do meio físico que determinam as possibilidades dos seres vivos.

Este conceito se aprofunda com a idéia dos limites de tolerância, tão utilizados em medicina, onde os excessos ou ausências de determinados fatores, como os já citados, impede a evolução da vida. Então, qualquer condição que se aproxime ou exceda o limite de tolerância de um determinado fator para um organismo ou grupo de organismos, pode ser considerado um fator limitante.

Para avaliação dos impactos ambientais são utilizados bioindicadores, que são organismos ou comunidades cujas funções vitais se correlacionam tão estreitamente com determinados fatores ambientais que podem ser empregados como indicadores em determinadas situações.

Esta definição inclui conscientemente a indicação de comportamentos naturais. Na agricultura, podemos inferir sobre as características de uma região, apenas pela presença ou ausência de determinadas espécies vegetais ou animais.

O termo biomonitoramento ou monitoramento biológico, pode ser definido como o uso sistemático de respostas biológicas para avaliar mudanças ambientais com o objetivo de utilizar esta informação em um programa de controle de qualidade.

No Brasil, algumas iniciativas no uso de bioindicadores tem sido propostas para bacias hidrográficas que sofrem a influência do lançamento de esgotos domésticos e efluentes industriais. Muito ainda pode ser dito nesta área, mas é possível avaliar a importância do meio biológico no contexto das análises ambientais sistematizadas.

Dr. Roberto Naime, colunista do Ecodebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.


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EcoDebate, 20/04/2011

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