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26 de setembro de 2025

Altas temperaturas podem afetar a polinização agrícola. O Brasil é o maior produtor de maracujá do mundo, mas essa liderança já está sob ameaça dos efeitos das mudanças climáticas.

Um estudo conduzido pelo pesquisador Breno Freitas, da Universidade Federal do Ceará, observou que a polinização do maracujá pelas abelhas Mamangavas está sendo prejudicada pelo aquecimento global.
Freitas integra o Comitê Científico da A.B.E.L.H.A. e é um dos pesquisadores que está representando a Associação na 49a Apimondia em Copenhague, na Dinamarca, onde apresenta os resultados da pesquisa. Segundo o pesquisador, a elevação das temperaturas diminui o forrageamento das abelhas, reduzindo a polinização. Isso afeta a produtividade, o peso do fruto, o peso da polpa e o número de sementes.

Leia a matéria completa (link na bio)

Mais calor e menos polinização: o impacto das mudanças climáticas sobre as abelhas


Estudo orientado pelo pesquisador Breno Freitas, da Universidade Federal do Ceará, apresentado na 49a Apimondia alerta: a polinização do maracujá pelas abelhas Mamangavas já está sendo prejudicada pelo aquecimento global
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Com uma produção anual em torno de 700 mil toneladas ao ano, o Brasil é o maior produtor e consumidor de maracujá do mundo. Parte significativa dessa produção se encontra no estado do Ceará, onde pesquisadores desenvolveram um estudo que observou a diminuição do forrageamento das abelhas Mamangavas sobre duas espécies de maracujá, provocada pelo aumento das temperaturas.

O estudo “Climate change may disrupt crop pollination in the Neotropics: rising temperatures lead carpenter bees to avoid pollinating passion fruit flowers” (Mudanças climáticas podem prejudicar polinização das culturas nos Neotrópicos: aumento das temperaturas leva abelhas Mamangavas a evitar a polinização das flores do maracujá), que contribui para compreender o impacto das mudanças climáticas sobre o comportamento das abelhas, será apresentado na 49a edição da Apimondia, em Copenhague, na Dinamarca. 

A pesquisa foi orientada pelo engenheiro agrônomo, doutor em Abelhas e Polinização e professor da Universidade Federal do Ceará, Breno Freitas, no município de Maranguape. O assunto foi tema da dissertação de Mestrado de Letícia Ferreira Paiva, defendida em 2023. 

Também participaram do estudo os pesquisadores Epifânia Emanuela Macedo Rocha, Felipe Jackson de Farias-Silva, Vitória Inna Mary de Sousa Muniz, Larysson Feitosa dos Santos, Luciano Pinheiro da Silva, todos do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará.

 Aquecimento global e polinização

Os resultados sugerem que o aquecimento global pode comprometer o serviço ecossistêmico de polinização das abelhas, afetando a produtividade, o peso do fruto, da polpa e o número de sementes. Os pesquisadores observaram que as abelhas mamangavas (Xylocopa frontalis) evitaram forragear flores de duas espécies de maracujá (Passiflora edulis and P. cincinnata), pois com o aumento da temperatura ambiente há também um aumento elevado da temperatura corporal ao longo do dia, chegando a valores que a abelha não suporta e para de trabalhar para evitar o superaquecimento.

 “Forrageando cada vez menos à medida que a temperatura aumenta, elas terão menos acesso a alimentos, produzirão menos crias e, ao longo do tempo, suas populações poderão se tornar menores e menores, até não ser mais possível sobreviver naquele local. As altas temperaturas estão influenciando o forragear dessas espécies de abelhas e isso pode ter consequências futuras como a extinção local delas e a impossibilidade de polinizar o maracujá e outras espécies”, explica Freitas.

Os pesquisadores verificaram uma redução na frequência e na duração das visitas das abelhas às flores nas horas mais quentes do dia. A redução na frequência e duração das visitas às flores também foi constatada na comparação entre as estações seca e chuvosa. Essa mudança no comportamento das abelhas prejudica sua eficiência como polinizador e é especialmente preocupante para a espécie de maracujá P. edulis (maracujá amarelo), cujas flores abrem ao meio-dia e têm apenas algumas horas da tarde para serem polinizadas.

Cuidados para o futuro

Com o avanço da velocidade das mudanças climáticas – em oposição à morosidade para combatê-las – pesquisadores têm empreendido esforços para identificar as espécies de abelhas mais ameaçadas e as áreas que serão adequadas para as abelhas e cultivos no futuro. A partir daí, eles têm trabalhado para manter as condições dessas áreas estáveis. “Outra possível solução é recuperar áreas degradadas, preferencialmente próximas aos cultivos para permitir corredores ecológicos que fornecerão abelhas para esses cultivos quando florescerem. Além disso, o desenvolvimento de técnicas de criatório e manejo para as diversas espécies de abelhas brasileiras, seja em condições naturais ou em criatório racional, dependendo de cada espécie e estratégia mais adequada” relata Breno Freitas.
 
Em 2025, a A.B.E.L.H.A. está sendo representada por três pesquisadores que integram o Comitê Científico da Associação na 49a Apimondia, o maior evento global de apicultura e meliponicultura, entre os dias 23 e 27 de setembro. São eles: o engenheiro agrônomo, doutor em Abelhas e Polinização e professor da Universidade Federal do Ceará, Breno Freitas; o biólogo, doutor em Entomologia e pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Cristiano Menezes, e o engenheiro agrônomo, mestre em Entomologia e pesquisador da Embrapa Soja, Décio Gazzoni. Com o lema “Unity and knowledge sharing” (União e partilha de conhecimento), a Apimondia ressalta o objetivo de promover o intercâmbio global de informações e práticas da apicultura e meliponicultura.

 





















Membro do Comitê Científico da A.B.E.L.H.A., Breno Freitas participa da 49a Apimondia. Foto: Arquivo pessoal



A Associação Brasileira de Estudo das Abelhas (A.B.E.L.H.A.) é uma associação civil, sem fins lucrativos e conotação político-partidária ou ideológica, com o objetivo de liderar a criação de uma rede em prol da conservação de abelhas e outros polinizadores.




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