"Os bons ideais aproximam as pessoas que olham o mundo não apenas para si, mas para todos"Rivaldo R. Ribeiro

RINDAT: Descargas Atmosféricas

Mostrando postagens com marcador Transposição do rio São Francisco. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Transposição do rio São Francisco. Mostrar todas as postagens

22 de novembro de 2014

Freio Luis Cappio: Quando o amor é para sempre




E não é que fomos recebidos pelo Frei Luís Cappio? Ele mora em Barra, (antiga Vila de São Francisco de Chagas da Barra do Rio Grande) onde o Rio Grande passeia lado a lado com o velho Chico, no Médio São Francisco.
Dom Luís tem uma forte ligação com o rio. Por volta de 1992, iniciou sua peregrinação da nascente à foz. A viagem durou um ano. Segundo ele, e assim conta no seu livro "O Rio São Francisco - Uma Caminhada entre Vida e Morte", pela Editora Vozes, ele buscava chamar às pessoas, os olhos para grandiosidade do rio e a necessidade de sua preservação. A séria questão de existência para todos os seres vivos.
É expedicionário, assim como nós. De canto em canto, vê as histórias do povo e sua forma de amar, cheia de generosidade. Também aprendeu a admirar o jeito de como eles lindam com as questões da vida. E para ilustrar, nos conta a história de Maria do Sal, lá de Santo Inácio, e sua fidelidade ao único amor da sua vida: um mascate que prometeu ama-la para sempre e por isto, se tornou seu único e grande tesouro. Dom Luís conversa com a gente pela voz das pessoas que conheceu e com elas aprendeu as lições da vida.
Deixamos presentes: as histórias de Minas em DVD e uma centena de fitinhas. E levamos daquele que é um dos líderes de projeção contra a transposição do Rio São Francisco e em defesa dos direitos dos povos ribeirinhos, a grata alegria em ter conhecido um homem que ama, verdadeiramente, o povo do Velho Chico.

Para conhecer mais e outras histórias, acesse:
http://www.amoresnovelhochico.com.br/

Amores no Velho Chico Expedição


Frei Luís Flávio Cappio e a luta contra a transposição do Rio São Francisco. Artigo de Frei Gilvander Luiz Moreira

“Meu rio de São Francisco, nesta grande turvação, vim te dar um gole d’água e pedir sua bênção”. (Inspirado em Guimarães Rosa, refrão de música de frei Luiz)

                                 Fotos internet  
[EcoDebate] Um testemunho espiritual e profético na luta pela Sustentabilidade da Vida

1. Pra começo de conversa

A maior devastação ambiental da história do Brasil está em curso e cresce em progressão geométrica. Eis um sinal dos tempos e um sinal dos lugares que compõem o Brasil. Do pau-brasil a brasas, eis um futuro iminente do país-continente aclamado por tantos no passado como um paraíso terrestre, caso não consigamos frear a avalanche de devastação ambiental da nossa única casa comum: o Planeta Terra.

A Transposição de águas do Rio São Francisco é algo muito grave que está acontecendo no Brasil. O Governo do Presidente Lula se nega “com unhas e dentes” a um diálogo franco e transparente sobre o projeto. O poder midiático compactua com o Governo Federal e não abre espaço para que um debate autêntico seja feito. Muitos movimentos populares, sob a liderança da Comissão Pastoral da Terra – CPT – e da Articulação do Semi-Árido – ASA – continuam aguerridamente a luta contra a transposição, em defesa de uma autêntica revitalização da bacia são-franciscana e por um Projeto de Convivência com o Semi-Árido.

Em 2005, Dom Cappio fez um jejum (“greve de fome”) de 11 dias, entre 26 de setembro e 05 de outubro, em Cabrobó, PE, contra a Transposição do Rio São Francisco, em defesa da Revitalização da bacia são-franciscana e de um Projeto de Convivência com o Semi-Árido.

Dom Cappio afirmou publicamente que, se o acordo firmado, em confiança, com o Presidente Lula – de abrir um amplo e sério diálogo com a sociedade sobre o Projeto de Transposição – não fosse cumprido, ele voltaria ao jejum e oração, com mais determinação ainda. Infrutíferas e esgotadas foram todas as tentativas de diálogo durante dois anos. Dessa forma, Dom Cappio fez um segundo jejum, durante 24 dias, de 27 de novembro de 2007 a 20 de dezembro de 2007, na Capela de São Francisco, em Sobradinho, BA, ao pé da barragem de Sobradinho, o maior lago artificial do mundo que, na época, estava com menos de 14% da sua capacidade, o que revela que “o Velho Chico está na fila do SUS e não sabe se vai ter direito a uma UTI”, profetiza Dom Luiz.

“No mundo dos pequenos, o Evangelho se situa logo. Interpreta uma situação complexa com muita simplicidade. Inquieta e rouba o sono”, ensina Paulo Suess. De fato, testemunhando uma ótima notícia para os pobres, uma péssima notícia para os empresários do agro e hidronegócio, Dom Cappio com seus dois jejuns inquietou e roubou o sono de muita gente.


1 de maio de 2012

Povos do São Francisco se preparam para a Marcha das Águas (3/6)

                            
   Pesquise :  Rio São Francisco


                                   Imagens Google

Povos ribeirinhos, igrejas, escolas, comunidades tradicionais, movimentos sociais e organizações não governamentais de diversos municípios do Vale do São Francisco estão se preparando para participar da Marcha das Águas que acontecerá no dia 3 de junho em Itacuruba – PE.

O evento é uma forma de chamar a atenção da sociedade para a defesa das águas contra a ameaça de construção de Usinas Nucleares na Bacia do São Francisco e a geração de energia nuclear no Brasil e no planeta.
A iniciativa surgiu a partir da preocupação de diversos atores sociais com a questão ambiental e com a vida das pessoas, as principais impactadas com um projeto desta natureza. Na perspectiva de mobilizar a população para a Marcha, reuniões, encontros, formações com educadores/as tem sido realizadas em municípios do interior de Pernambuco, bem como articulações com organizações de outros estados do Nordeste.
No mês de junho estará acontecendo a Rio+20, a Marcha das Águas é o primeiro evento popular dentro de um grande calendário de ações por justiça sócio-ambiental proposto pela Cúpula dos Povos que será realizada em paralelo à Conferência Oficial.
Participam da preparação da Marcha das Águas organizações como a Diocese de Floresta (PE), Projeto Cultura de Paz, Articulação Brasileira Antinuclear, Articulação Popular São Francisco Vivo, Movimento Ecossocialista de Pernambuco, Povos indígenas e quilombolas, igrejas evangélicas, além de educadores/as e Organizações Não Governamentais comprometidas com as questões sócio-ambientais.

Fonte: IRRPA

EcoDebate, 30/04/2012
http://www.ecodebate.com.br/
[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]






7 de abril de 2011

A quem serve a transposição das águas do São Francisco?

"O risco final é que, atravessando acidentes geográficos consideráveis, como a elevação da escarpa sul da Chapada do Araripe - com grande gasto de energia!-, a transposição acabe por significar apenas um canal tímido de água, de duvidosa validade econômica e interesse social, de grande custo, e que acabaria, sobretudo, por movimentar o mercado especulativo, da terra e da política", escreve Aziz Ab´Sáber, geógrafo, professor e escritor, em artigo publicado pela Agência Envolverde. Segundo ele, "no fim, tudo apareceria como o movimento geral de transformar todo o espaço em mercadoria".

É compreensível que em um país de dimensões tão grandiosas, no contexto da tropicalidade, surjam muitas ideias e propostas incompletas para atenuar ou procurar resolver problemas de regiões críticas. Entretanto, é impossível tolerar propostas demagógicas de pseudotécnicos não preparados para prever os múltiplos impactos sociais, econômicos e ecológicos de projetos teimosamente enfatizados.

Nesse sentido, bons projetos são todos aqueles que possam atender às expectativas de todas as classes sociais regionais, de modo equilibrado e justo, longe de favorecer apenas alguns especuladores contumazes. Nas discussões que ora se travam sobre a questão da transposição de águas do São Francisco para o setor norte do Nordeste Seco, existem alguns argumentos tão fantasiosos e mentirosos que merecem ser corrigidos em primeiro lugar. Referimo-nos ao fato de que a transposição das águas resolveria os grandes problemas sociais existentes na região semiárida do Brasil.

Trata-se de um argumento completamente infeliz lançado por alguém que sabe de antemão que os brasileiros extra-nordestinos desconhecem a realidade dos espaços físicos, sociais, ecológicos e políticos do grande Nordeste do País, onde se encontra a região semiárida mais povoada do mundo.

O Nordeste Seco, delimitado pelo espaço até onde se estendem as caatingas e os rios intermitentes, sazonários e exoreicos (que chegam ao mar), abrange um espaço fisiográfico socioambiental da ordem de 750.000 quilômetros quadrados, enquanto a área que pretensamente receberá grandes benefícios abrange dois projetos lineares que somam apenas alguns milhares de quilômetros nas bacias do rio Jaguaribe (Ceará) e Piranhas/Açu, no Rio Grande do Norte. Portanto, dizer que o projeto de transposição de águas do São Francisco para além Araripe vai resolver problemas do espaço total do semiárido brasileiro não passa de uma distorção falaciosa.

Um problema essencial na discussão das questões envolvidas no projeto de transposição de águas do São Francisco para os rios do Ceará e Rio Grande do Norte, diz respeito ao equilíbrio que deveria ser mantido entre as águas que seriam obrigatórias para as importantíssimas hidrelétricas já implantadas no médio/baixo vale do rio - Paulo Afonso, Itaparica e Xingó.

Devendo ser registrado que as barragens ali implantadas são fatos pontuais, mas a energia ali produzida, e transmitida para todo o Nordeste, constitui um tipo de planejamento da mais alta relevância para o espaço total da região.

Segue-se na ordem dos tratamentos exigidos pela ideia de transpor águas do São Francisco para além Araripe a questão essencial a ser feita para políticos, técnicos acoplados e demagogos: a quem vai servir a transposição das águas?

Os "vazanteiros" que fazem horticultura no leito dos rios que "cortam" - que perdem fluxo durante o ano - serão os primeiros a ser totalmente prejudicados. Mas os técnicos insensíveis dirão com enfado: "A cultura de vazante já era". Sem ao menos dar qualquer prioridade para a realocação dos heróis que abastecem as feiras dos sertões. A eles se deve conceder a prioridade maior em relação aos espaços irrigáveis que viessem a ser identificados e implantados. De imediato, porém, serão os fazendeiros pecuaristas da beira alta e colinas sertanejas que terão água disponível para o gado, nos cinco ou seis meses que os rios da região não correm.

Um projeto inteligente e viável sobre transposição de águas, captação e utilização de águas da estação chuvosa e multiplicação de poços ou cisternas tem que envolver obrigatoriamente conhecimento sobre a dinâmica climática regional do Nordeste. No caso de projetos de transposição de águas, há de ter consciência que o período de maior necessidade será aquele que os rios sertanejos intermitentes perdem correnteza por cinco a sete meses.

Trata-se, porém, do mesmo período que o rio São Francisco torna-se menos volumoso e mais esquálido. Entretanto, é nesta época do ano que haverá maior necessidade de reservas do mesmo para hidrelétricas regionais. A afoiteza com que se está pressionando o governo para se conceder grandes verbas para início das obras de transposição das águas do São Francisco terá consequências imediatas para os especuladores de todos os naipes.

O risco final é que, atravessando acidentes geográficos consideráveis, como a elevação da escarpa sul da Chapada do Araripe - com grande gasto de energia!-, a transposição acabe por significar apenas um canal tímido de água, de duvidosa validade econômica e interesse social, de grande custo, e que acabaria, sobretudo, por movimentar o mercado especulativo, da terra e da política.

No fim, tudo apareceria como o movimento geral de transformar todo o espaço em mercadoria.

http://www.cptnacional.org.br


23 de outubro de 2010

Uso das águas do rio São Francisco na Paraíba: crônica de um insucesso anunciado, artigo de João Suassuna.

“Quem tem água tem tudo!”….. Será?

[EcoDebate] No início do mês de outubro, fomos convidados para participar da III Semana de Geografia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus de Cajazeiras, proferindo uma conferência sobre a hidrologia do Nordeste seco, com enfoque na transposição do rio São Francisco. Na ocasião, com vistas a conhecermos e avaliarmos melhor o estágio em que se encontra o projeto da transposição na Paraíba, a UFCG nos possibilitou uma visita ao canteiro de obras, localizado no município de São José de Piranhas, distando cerca de 32 km de Cajazeiras.

Nessa visita, fomos acompanhados por representantes do sindicato dos trabalhadores rurais de São José de Piranhas, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e de professores da referida universidade. Nas obras, pudemos verificar o ritmo acelerado em que se encontram, o que nos motivou a refletir sobre as consequências que serão impostas ao ambiente natural do Semiárido paraibano, quando da chegada das águas do São Francisco naquela região.

Inicialmente, procuramos manter contatos com alguns produtores rurais da localidade Curral das Onças, por onde passará o canal do Eixo Norte do projeto, para ouvir deles suas expectativas quanto à chegada das águas nas suas propriedades. O que pudemos constatar foi a existência de unanimidade na expressão “quem tem água tem tudo”. Em nossa opinião, não é bem assim que as questões hídricas devam ser encaradas naquela região, principalmente sendo ela detentora de ambiente natural de notável singularidade no tocante à sua vegetação do tipo caatinga, a sua geologia cristalina e um clima diferenciado, com irregularidade nas chuvas, temperaturas elevadas e evaporação exacerbada. Temos que questionar, sim, esse tipo de assertiva, principalmente partindo de pessoas que não possuem os mínimos conhecimentos técnicos necessários à condução de práticas irrigacionistas, dentro de parâmetros técnicos adequados, notadamente em uma região de geologia e clima extremamente complexos como os ali existentes.

Do jeito que essas questões estão sendo postas pelos agricultores, parece-nos existir uma enorme desinformação, não só sobre o percurso que as águas irão realizar até a chegada na referida localidade, mas, e principalmente, sobre as conseqüências que uma irrigação mal conduzida será capaz de trazer ao ambiente natural da região. No nosso modo de entender, diante das características ambientais e da falta do conhecimento técnico necessário à condução dos sistemas produtivos, isso irá acarretar um enorme fracasso, quando as águas do Velho Chico começarem a chegar àquela localidade e, posteriormente, serem utilizadas na irrigação.

Existe também outro complicador a ser considerado, que é a falta de clareza no projeto, no que diz respeito à forma de como as águas irão chegar às torneiras das populações. O que está claro é que as águas do São Francisco irão abastecer as principais represas nordestinas, após o que, serão utilizadas no agro e hidronegócio. O dimensionamento dos canais, com suas capacidades de transportar grandes volumes de água, dão provas disso.

Para chegarem ao extremo oeste paraibano, por exemplo, as águas do rio São Francisco terão que, necessariamente, percorrer dois túneis que estão em fase de construção. No primeiro (Cuncas 1- com cerca de 15 km de comprimento), as águas virão do município de Maurití, no estado do Ceará, passarão por sob o município de Monte Horebe, no estado da Paraíba, e desembocarão na Represa dos Morros, a qual está sendo construída próxima ao município de São José de Piranhas. Uma vez nessa represa, as águas serão conduzidas para um segundo túnel (Cuncas 2 – com cerca de 4,5 km de comprimento) para chegarem em Cajazeiras e, de lá, continuarem seu destino para os estados do Ceará (abastecendo a represa do Castanhão, na bacia do Jaguaribe) e Rio Grande do Norte (abastecendo as represas Santa Cruz, na bacia do Apodí e Armando Ribeiro Gonçalves, na bacia do Piranhas-Açu).

Além de dar uma idéia da magnitude do projeto, o propósito desse relato foi o de, também, denunciar os usos inadequados que serão dados às águas do rio, notadamente por aqueles que se iludem ao acreditar que o sucesso da irrigação está no acesso, puro e simples, à água e nada mais. Sob esse aspecto, a transposição na Paraíba poderá se somar aos insucessos havidos em outras regiões semiáridas do Nordeste. Referimo-nos aos reassentamentos de populações, ocorridos quando da construção do lago da hidrelétrica de Itaparica, sob a responsabilidade da Chesf. Naquela obra, populações inteiras que sobreviviam nas margens do rio São Francisco, com a irrigação, principalmente das culturas da cebola e do alho, produzidas sobre solos de aluvião, passaram, após o enchimento da represa, a ocupar terras mais elevadas e distantes de sua cota máxima de represamento, ou seja, as novas áreas de plantios irrigados passaram a ser localizadas sobre terrenos de geologia cristalina. Nessas novas áreas, os solos, em sua grande maioria, se apresentavam pedregosos e com níveis de fertilidade bastante inferiores quando comparados aos solos de aluvião, citados anteriormente. Esses problemas surgidos chegaram a obrigar alguns produtores rurais a mudarem seus sistemas produtivos, muitos deles passando a criar pequenos ruminantes (caprinos e ovinos), em substituição às culturas irrigadas. Alguns produtores conseguiram se adaptar a estas novas iniciativas, outros não.

O caso dos produtores em São José de Piranhas é semelhante ao que foi exposto acima. Nas conversas mantidas com eles, isso ficou muito claro. No sítio Curral das Onças, por exemplo, a área produtiva da propriedade ficava localizada em uma região de baixio, cujas características dos solos (aluvião) permitiam ao produtor, colheitas satisfatórias, principalmente do arroz, da mandioca, do milho e do feijão. Segundo podemos constatar, essa área era considerada a de maior riqueza da propriedade, devido não apenas a sua fertilidade natural, adquirida ao longo de eras, mas, e principalmente, pela existência de índices adequados de umidade, necessários ao sucesso de produção das culturas. Ocorre que essas áreas férteis e produtivas nessa propriedade irão ficar submersas com a construção da Represa dos Morros. Indagado sobre as expectativas da chegada das águas do rio São Francisco em sua propriedade, o produtor respondeu que estava para receber uma indenização, e que iria iniciar um trabalho de irrigação numa área mais altas da propriedade, e esperava, com essa mudança, colher produções semelhantes àquelas obtidas em seus baixios. Ora, não demoramos muito para concluir que as possibilidades de insucessos nessas novas investidas eram muito elevadas. De característica geológica cristalina, a parte mais alta de sua propriedade apresenta solos de difícil drenagem. Somadas a essas dificuldades, à presença de condições climáticas severas, que implicam em elevados índices de evapotranspiração, e a condução de uma irrigação contínua e sem a assistência técnica necessária, são apontadas como a receita para o início de um processo severo de salinização daquela área.


Alertamos que foram as dificuldades de se proceder às drenagens no Nordeste seco, as principais causas da salinização em cerca de 30% das áreas dos perímetros irrigados do DNOCS. A salinização será, sem dúvida alguma, a conseqüência mais severa a ser imposta pelo projeto, ao meio ambiente em São José de Piranhas, por aqueles que vêm na irrigação uma atividade simples, cuja condução se restringe, única e exclusivamente, a se “colocar a água no pé das plantas” e nada mais. Em tais casos, tem que haver a preocupação com outras condicionantes de igual importância, como as drenagens e as qualidades das águas e dos solos, entre outros.


Isso posto, fica o nosso alerta, para aqueles que estão sendo indenizados pela passagem dos canais em suas propriedades, sobre a necessidade de se contar com uma assistência técnica de bom nível, para as orientações necessárias à implantação de sistemas alternativos de produção, em substituição às irrigações que vinham sendo praticadas anteriormente. Essa será a forma de se minimizar os problemas que serão causados por um projeto que foi dimensionado, prioritariamente, para o benefício do grande capital.

Recife, 21 de outubro de 2010

João Suassuna, articulista do EcoDebate, é Engº Agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco.

EcoDebate, 22/10/2010


FONTE: PORTAL ECODEBATE-Cidadania e Meio Ambiente