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9 de junho de 2011

Laudos concluem que casal de extrativistas teve morte instantânea

Da Redação
Agência Pará de Notícias

A polícia civil do Pará recebeu na tarde desta quarta-feira (8), no município de Marabá, os laudos relativos à necropsia e ao local das mortes do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santos da Silva, ocorridas no último dia 24 de maio, em Nova Ipixuna, município do sudeste do Estado. Com a conclusão dos laudos, a polícia dá um passo importante para a elucidação dos crimes, informou o delegado geral adjunto da Polícia Civil, Rilmar Firmino de Sousa, que há 16 dias acompanha as investigações da sede da Delegacia de Conflitos Agrários (Deca), em Marabá.

De acordo com o laudo, o casal foi atingido por arma de fogo, uma espingarda, em disparos feitos da esquerda para a direita. O chumbo ou “balim” perfurou órgãos vitais, causando morte imediata. Os laudos integram outras três peças importantes para o esclarecimento das mortes, como o georreferenciamento da área do crime, a perícia técnica no aparelho celular de uma das vítimas e o exame de balística. Estes três últimos ainda não têm prazos para a entrega.

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5 de junho de 2011

AS MORTES DOS AMBIENTALISTAS, OS' ÚLTIMOS MOMENTOS -(Felipe Milanez-CARTA CAPITAL)

A noite ainda cobria a floresta quando, por volta das 4h30 da manhã da terça-feira 24 de maio, uma moto vermelha passou em frente à Encruzilhada da Morte, apelido de um boteco localizado no assentamento Praia Alta-Piranheira, na área rural de Nova Ipixuna, no Pará. Seguiu em alta velocidade e cruzou a pequena vila de Maçaranduba. Sobre ela, dois homens carregavam uma mochila comprida. A dupla andava rápido por um motivo: era preciso chegar antes ao local planejado e preparar a tocaia. Certamente, não haveria outra oportunidade tão cedo.

Alguns quilômetros adiante, a moto parou em frente a uma ponte em más condições sobre um igarapé: uma tora de madeira semiafundada e, ao lado, uma prancha levantada. Passar ali exige cuidado. No fim da ponte, uma ladeira encobre a visão de quem a atravessa, local perfeito para emboscada. A dupla camuflou-se no mato, em um ponto de onde era possível enxergar até o topo da ladeira e não ser visto. E esperou.

Não muito longe, Maria do Espírito Santo se levantou assim que o sol surgiu por entre as árvores. Despertou o marido, José Cláudio Ribeiro, saiu pela varanda da casa, caminhou cerca de 5 metros e foi até a cozinha preparar o café. José Cláudio veio em seguida. Por volta das 7 da manhã, dia claro, o casal saiu. Passaram, como de costume, na casa de Laíse Santos Sampaio, vizinha, irmã e confidente de Maria. E foram para a cidade. Precisavam buscar logo o dinheiro que faltava para enviar à irmã de José Cláudio, que vive no Tocantins e está mal de saúde. Haviam conseguido com uma vizinha 700 reais emprestados. Mas os outros 1,3 mil reais viriam de uma amiga em Marabá. José Cláudio guiava a moto, Maria ia na garupa...
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2 de junho de 2011

Para que mais uma morte de pobre não vire estatística ou vaia de ruralista, por Eliane Brum

A semana passada foi uma vergonha para este país. No mesmo dia em que a Câmara dos Deputados aprovou um Código Florestal que beneficia quem vem acabando com o meio ambiente e comprometendo o futuro de todos os brasileiros – e também do planeta –, foram assassinados dois líderes extrativistas que defendiam o manejo sustentável da floresta. José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva foram mortos a tiros na terça-feira, 24/5, em Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. Depois, José Cláudio teve parte da orelha decepada. Quando foi anunciado na Câmara o duplo assassinato, o que fez a bancada ruralista? Vaiou. Dois brasileiros foram executados – e alguns de nossos representantes vaiaram.

Como Chico Mendes e Dorothy Stang, o casal também avisava há muito, como mostra este vídeo, que estava “com uma bala na cabeça”. E, como parece sempre acontecer nesse país, a profecia se realizou. Mas, diferente de Chico Mendes e de Dorothy Stang, o espaço dado à sua morte na imprensa foi bem menor. Possivelmente porque a luta de Chico Mendes foi noticiada primeiro pelo New York Times – e Dorothy Stang tinha família americana. Assim como os outros 18 executados no ano passado no Pará por conflitos agrários, como mostra a matéria Eles morreram pela floresta, José Cláudio e Maria eram brasileiros pobres que lutavam pelo que nós todos deveríamos estar lutando. E morreram porque não foram escutados. Também por nós.

Foi uma semana feliz para os assassinos do Brasil – os assassinos de gente, e os de futuro que circulam pelo Congresso. Prestem atenção na votação do novo Código Florestal no Senado, anotem o nome de quem faz o que, porque é uma ideia de país que está em jogo. Não custa lembrar que todos aqueles homens e mulheres que estão decidindo o nosso futuro – boa parte deles mais preocupado com o próprio presente – foram escolhidos e legitimados pelo nosso voto, o que nos coloca na condição de cúmplices da ruína ética a que assistimos no Congresso mandato após mandato. Na sexta-feira, 27/5, Adelino Ramos, outra liderança que combatia o desmatamento da floresta, foi assassinado quando vendia verduras. Desta vez, em Rondônia. Coincidência?
Não é com parlamentares como estes – capazes de queimar a Amazônia em benefício próprio e vaiar quando é anunciado o assassinato de brasileiros que defendiam a floresta – que vamos a algum lugar. Nem com cidadãos que testemunham a indignidade e seguem calados. Essa classe de políticos só tem a ousadia de ser tão vil em suas barganhas e em seus atos porque sabe que sempre pode contar com a nossa omissão.

Não há nenhuma discussão, hoje, no país, mais importante que a do Código Florestal. Seu desfecho determinará muito do que seremos – ou não seremos. Quem sabe ainda dê tempo para mais gente estranhar um Código Florestal que anistia desmatadores ser aprovado pela Câmara em pleno ano de 2011, quando o desafio urgente é – ou deveria ser – o desenvolvimento sustentável do país. E mais gente comece a desconfiar que assassinatos de defensores da Amazônia não combinam com as pretensões do Brasil de ocupar um lugar de destaque no cenário mundial.

Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo).

Artigo originalmente publicado na coluna de Eliane Brun, na revista Época Online

EcoDebate, 01/06/2011

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30 de maio de 2011

“Se nos calarmos, as florestas gritarão”.

Qua, 25 de Maio de 2011 19:08


Coordenação nacional da CPT divulga Nota Pública sobre o assassinato dos dois ambientalistas no sudeste do Pará. A Nota destaca que "Esta é mais uma das ações do agrobanditismo e mais uma das mortes anunciadas. O casal já vinha recebendo ameaças de morte. O nome deles constava da lista de ameaçados de morte registrada e divulgada pela CPT. O de José Cláudio em 2009 e em 2010, e o de sua esposa Maria do Espírito Santo, em 2010".




NOTA PÚBLICA


“Se nos calarmos, as florestas gritarão”


A Coordenação Nacional da CPT, reunida em Goiânia para uma de suas reuniões ordinárias, recebeu com extrema tristeza e indignação a notícia do assassinato do casal Maria do Espirito Santo da Silva e José Cláudio Ribeiro da Silva, ocorrido na manhã do dia 24 de maio, no Projeto de Assentamento Extrativista, Praia Alta Piranheira, no município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará.


Esta é mais uma das ações do agrobanditismo e mais uma das mortes anunciadas. O casal já vinha recebendo ameaças de morte. O nome deles constava da lista de ameaçados de morte registrada e divulgada pela CPT. O de José Cláudio em 2009 e em 2010, e o de sua esposa Maria do Espírito Santo, em 2010. Esta lista, junto com a dos assassinatos no campo de 1985 a 2010 foi entregue ao Ministro da Justiça, no ano passado. Mas nenhuma providência foi tomada.


“José Cláudio e Maria do Espírito Santo se dirigiam de moto para a sede do município, localizada a 45 km, ao passarem por uma ponte, em péssimas condições de trafegabilidade, foram alvejados com vários tiros de escopeta e revólver calibre 38, disparados por dois pistoleiros que se encontravam de tocaia dentro do mato na cabeceira da ponte. Os dois ambientalistas morreram no local. Os pistoleiros cortaram uma das orelhas de José Cláudio e a levaram como prova do crime”, registra nota CPT de Marabá, que esteve no local do crime.


José Cláudio e Maria do Espírito Santo foram pioneiros na criação da reserva extrativista do Assentamento Praia Alta Piranheira no ano de 1997. Devido à riqueza em madeira, a reserva era constantemente invadida por madeireiros e pressionada por fazendeiros que pretendiam expandir a criação de gado no local.


Mas nossa indignação aumentou com a notícia, veiculada pelo jornal Valor Econômico do dia de hoje, 25, de que o deputado José Sarney Filho ao ler, em plenário, a reportagem da morte dos dois lutadores do povo, foi vaiado por alguns deputados ruralistas e pessoas presentes nas galerias da Câmara Federal, que lá estavam para acompanhar a votação do novo Código Florestal. Este fato nos dá a exata dimensão de como a violência contra os trabalhadores e trabalhadoras do campo é tratada. Certamente a notícia destas mortes foi recebida com alegria em muitos espaços, pois mais um “estorvo” no caminho dos ruralistas e dos defensores do agronegócio foi removido.


A Coordenação Nacional da CPT reafirma a responsabilidade do Estado por este crime. A vida das pessoas e os bens natureza nada valem se estes se interpuserem como obstáculo ao decantado “crescimento econômico”, defendido pelos sucessivos governos federais, pelos legisladores do Congresso Nacional que aprovam leis que promovem maior destruição do meio ambiente, e pelo judiciário sempre muito ágil em atender os reclamos da elite agrária, mas mais que lento para julgar os crimes contra os camponeses e camponesas e seus aliados. A certeza da impunidade alimenta a violência.


Parafraseando o Evangelho, não podemos nos calar diante desta barbárie, pois se nos calarmos, as florestas falarão (Lc 19,40).


Goiânia, 25 de maio de 2011.


A Coordenação Nacional da CPT
___________
Maiores informações:
Cristiane Passos (Assessoria de Comunicação CPT) – (62) 4008-6406 / 8111-2890
Antônio Canuto (Assessoria de Comunicação CPT) – (62) 4008-6412




www.cptnacional.org.br  


Latifundiários, ruralistas, madeireiros e seus pistoleiros contra a vida

Vinte dias antes de serem mortos a tiros, os líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo tinham enviado um documento ao Ministério Público Federal de Marabá denunciando o envolvimento de três madeireiras da região de Nova Ipixuna, no Pará, em crimes ambientais. O casal foi assassinado a tiros no interior do Assentamento Extrativista, Praia Alta Piranheira, no município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará, no último dia 24 de maio. Segundo informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Marabá (PA), José Cláudio e Maria do Espírito Santo se dirigiam de moto para a sede do município, localizada a 45 km. Conforme diz a nota da CPT. “ao passarem por uma ponte, foram alvejados com vários tiros de escopeta e revólver calibre 38, disparados por dois pistoleiros que se encontravam de tocaia dentro do mato na cabeceira da ponte. Os dois ambientalistas morreram no local. Os pistoleiros cortaram uma das orelhas de José Cláudio e levaram como prova do crime”.

Isto é uma barbaridade praticada por quem só pensa no dinheiro e não dá valor a vida das pessoas e do meio ambiente. E o pior é que os mandantes do crime tem muitos e bons pistoleiros para atacar a vida. Sabemos que José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foram assassinados por pistoleiros de madeireiras. Mas, é uma cadeia de exploração, ambição, violência e morte, onde se integram latifundiários, ruralistas e madeireiros, com seus hábeis pistoleiros, que também usam armas sofisticadas para destruir vidas. Por triste e irônica coincidência, no mesmo dia em que os pistoleiros agiram na base, assassinando militantes socioambinetais extrativistas, outros pistoleiros, outrora chamados de picaretas, também atuaram contra a vida no Congresso Nacional. Em Brasília na Câmara Federal, os deputados pistoleiros, a mando de latifundiários, ruralistas e madeireiros atiram fogo contra o Código Florestal, tentando assassinar o meio ambiente e a lei que o protege.

Temos uma prova concreta de que existe uma íntima relação entre os pistoleiros do Pará e os de Brasília. No momento em que foi dado a notícia do assassinato de José Cláudio e Maria do Espírito Santo, defensores do meio ambiente, os pistoleiros de plantão em Brasília, para detonar o Código Florestal, simplesmente entonaram uma vaia, como se o acontecido e as vítimas fossem insignificantes. Talvez os pistoleiros do Pará sejam presos, mas os mandantes do crime, infelizmente, poderão ficar livres para continuarem suas atrocidades. E os pistoleiros de Brasília, com seus colarinhos brancos e mãos limpas, como as de Pôncio Pilatos, naturalmente ficarão protegidos pelo verde das notas de dólar e pelas onças das notas de real. No entanto, temos a chance de puní-los pelo nosso voto. Oxalá Brasil.



Pilato Pereira - Pastoral da Ecologia RS

pilatopereira@gmail.com

http://www.olharecologico.blogspot.com/