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20 de maio de 2018

'Agrotóxico é veneno. É sintetizado para pragas, mas pode matar humanos'' | Fiocruz divulga nota técnica contra projeto que flexibiliza regulação de agrotóxicos


Por: Danielle Monteiro/ Agência Fiocruz de Notícias
O uso de agrotóxicos é atualmente um dos mais importantes fatores de risco para a saúde da população e o meio ambiente no Brasil. O país é atualmente o maior consumidor mundial desses produtos. De acordo com dados da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), apesar de o Brasil não ser o maior produtor agrícola do mundo, o crescimento nacional do consumo de agrotóxicos chegou a quase 200% entre 2000 e 2009. As empresas produtoras de agroquímicos no país duplicaram desde 2008 e, nos últimos anos, o crescimento da importação dessas substâncias foi de quase 400%. O consumo de agrotóxicos é resultado da adoção de um modelo de agricultura chamado agronegócio, que é dependente do uso de venenos. Para falar sobre o assunto, a Agência Fiocruz de Notícias entrevistou o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Luiz Claudio Meirelles.
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O Brasil é atualmente o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Por que o uso dessas substâncias ocorre tão intensamente no país, se ele não é campeão mundial de produção agrícola?.
Luiz Claudio Meirelles: O Brasil trabalha com monocultura extensiva que demanda muita utilização de agrotóxicos. Entretanto, sabemos que, mesmo com essa produção de monocultura extensiva de grão, é possível que o uso pudesse ser bem menor do que está implementado hoje. E existe uma estratégia bastante agressiva das empresas que atuam no Brasil para a venda desses produtos. A entrada dos transgênicos, da maneira como ocorreu, também aumentou o uso de alguns herbicidas que, anteriormente, tinham uso mais restrito nos períodos de plantio. Esses fatores são razões que fazem com que se use mais agrotóxico no Brasil do que em outros países, que têm um trabalho de manejo e de controle de pragas que comporta outros mecanismos de utilização de produtos. Atualmente o agronegócio é um financiamento brutal. Eles recebem muitos recursos para produzir da maneira convencional.
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Ainda utilizamos agrotóxicos que já foram proibidos em outros países como Estados Unidos, Canadá e países europeus?.
Meirelles: Sim. Na China, por exemplo, alguns desses produtos já foram proibidos e aqui ainda seguimos em uso. Antes de 2000, muitos agrotóxicos perigosos à saúde foram inseridos no mercado, e estão nele até hoje, precisando ser revisados. Esse procedimento não é fácil de executar, pois, muitas vezes, as empresas pressionam, através da pressão política ou de ações judiciais. É um processo muito longo, que pode levar anos. Desde 2008, durante meu período na Anvisa, estávamos reavaliando produtos antigos, colocando 14 deles em reavaliação. Metade foi concluído. Pedimos para retirar, por exemplo, os produtos paration metílico e forato do mercado. Os dois foram avaliados como neurotóxicos pela Fiocruz, implicando em grande risco à saúde humana. Mas, no entanto, continuam no mercado até hoje; e nada foi feito em relação a isso. Essa questão é importante e não pode ser negligenciada.
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A União Europeia, os EUA, Japão e Austrália têm um sistema de avaliação que tem se antecipado a essas questões do risco toxicológico dessas substâncias, que foram proibidas. No Brasil, buscamos pautar, até mesmo porque a lei trata disso, quando existem alertas internacionais, e colocar esses produtos em reavaliação. O mecanismo de retirada de um agrotóxico do mercado brasileiro é somente pela reavaliação, pois não existe prazo de registro de uma substância. Uma vez que a empresa o consegue, ele é para sempre. A única maneira legal de se fazer a retirada desse produto do mercado é através de uma reavaliação toxicológica.
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O que poderia ser feito em termos de políticas públicas para a redução do uso e consumo de agrotóxicos?.
Meirelles: É preciso aprimorar, cada vez mais, os mecanismos de controle e de avaliação dessas substâncias, sendo necessário o fortalecimento de todo o procedimento de avaliação toxicológica do país, e que se aumentem as medidas de segurança e de proteção ao meio ambiente. A legislação brasileira é bastante rica e suficiente e é preciso que continuemos a defendê-la. Existem, hoje, determinadas forças no Brasil que desejam que a legislação ande para trás e que os mecanismos de controle dessas substâncias sejam reduzidos.
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Do ponto de vista da agricultura, precisamos fortalecer as ações que mitigam o uso de agrotóxicos, como a implementação da agroecologia de maneira geral. Precisamos fortalecer as políticas de agroecologia, financiar os projetos nessa área. No caso da agricultura orgânica, é preciso dar financiamento, permitir mais recursos, ampliar a extensão rural com técnicos capacitados a orientar a produção sem a utilização de agrotóxicos. Por outro lado, é preciso conhecer melhor o que já existe de contaminação e o que pode estar ocorrendo em relação aos produtos que têm sido utilizados. O manejo das pragas novas no Brasil também pode diminuir em muito o uso de agrotóxicos.
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Agrotóxico é veneno. Ele é sintetizado para matar pragas e pode matar seres humanos, além de contaminar o meio ambiente e provocar a morte de animais silvestres e domésticos. O primeiro aspecto a considerar é que as questões de saúde e ambiente têm de ser privilegiadas nessa discussão. No Brasil, se o setor de saúde perder a capacidade de avaliar esses tipos de produtos, será um retrocesso brutal. Não estou falando em pesquisa, mas sim em serviços de monitoramento, que deem conta do conhecimento sobre os níveis de contaminação em todo o país.
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Por que o Brasil ainda hesita em adotar o modelo de base agroecológica? Ele não poderia ser também produtivo para o país?.
Meirelles: No Brasil, existe um modelo agrícola que expulsa o homem da terra. O agricultor vai trabalhar em determinada área sem a menor condição de produzir. Ele não tem quem o ensine, nem equipamentos, que são muito caros, nem sementes variadas. Por isso, ele acaba saindo do campo e vindo para a cidade. E mesmo em áreas onde havia um modelo mais equilibrado, ao estilo guatemalteco, vimos que ele se perdeu, pois foi substituído pelo agronegócio, que acaba comprando as terras dessas pessoas a preço de banana. Nosso modelo é excludente, concentrador de renda, de terras e dá lucro para quem é dono disso tudo e prejuízo para a sociedade em geral. Mexer nesse modelo exige coragem, determinação política e uma determinação maior da sociedade brasileira para que isso aconteça.
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Quais são as lavouras que mais fazem uso de agrotóxicos no Brasil?.
Meirelles: As grandes monoculturas, como soja, café, algodão, cana. No entanto, isso está sendo incentivado nas pequenas e médias culturas também, como morango, pimentão, mate, que consumimos in natura. Eles têm muito resíduo de agrotóxico.
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A semente do algodão é usada para a fabricação de ração. Atualmente a incidência de câncer entre animais, principalmente gatos e cachorros, também tem crescido muito. É possível que esse crescimento esteja associado à ingestão de ração com agrotóxicos?
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Meirelles: Sim, há possibilidade de que isso esteja associado ao uso de agrotóxicos na ração e também até de outros aditivos.
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Além de câncer, que outras doenças o consumo de agrotóxicos pode causar?.
Meirelles: As principais, além de câncer, são má formação, doenças neurológicas, problemas hormonais que causam outros desequilíbrios como câncer, e esterilidade.
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Como se deve fazer a lavagem das frutas e legumes para a retirada de parte dos agrotóxicos?.
Meirelles: Deve-se retirar a casca e lavar os alimentos com abundância. Vinagre e hipoclorito não retiram essas substâncias do alimento, somente matam os microrganismos. Outra solução é tentar consumir frutas da época, conhecer sua procedência e, se possível, consumir produtos orgânicos. Além disso, antes de tudo, a população deve seguir cobrando dos governos municipal, estadual e federal a retirada dos agrotóxicos perigosos à saúde do mercado.
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Serviço:.
Além de fazer a lavagem das frutas, e legumes, o consumidor pode consultar os dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos. No site é possível se informar sobre quais alimentos deve evitar.

ATUALIZANDO:.
15/05/2018
Fiocruz divulga nota técnica contra projeto que flexibiliza regulação de agrotóxicos
Fonte: CCS/Fiocruz
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulga Nota Técnica com seu posicionamento contra o Projeto de Lei 6299/2002, que propõe modificações no sistema de regulação de agrotóxicos, seus componentes e afins no Brasil. O documento da Fiocruz visa subsidiar a audiência sobre o PL com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, prevista para ocorrer nesta terça-feira (15/5).
.A nota apresenta 25 páginas de abordagens conceituais, de processos e de conhecimento científico nas quais a Fundação se coloca contra o PL e a favor da vida. "O PL representa em seu conjunto uma série de medidas que buscam flexibilizar e reduzir custos para o setor produtivo, negligenciando os impactos para a saúde e para o meio ambiente."

8 de setembro de 2013

AGROTÓXICO: SAÚDE HUMANA, MEIO AMBIENTE, FAUNA E FLORA...

Nota Conjunta Contra os Agrotóxicos - Fiocruz, INCA, Abrasco.
Uma verdade cientificamente comprovada: os agrotóxicos fazem mal à saúde das pessoas e ao meio ambiente

Historicamente, o papel da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) é de produção de conhecimento científico pautado pela ética e pelo compromisso com a sociedade e em defesa da saúde, do ambiente e da vida. Essas instituições tiveram e têm contribuição fundamental na construção e no fortalecimento do Sistema Único de Saúde.
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Quando pesquisas desenvolvidas nas referidas instituições contrariam interesses de negócios poderosos, incluindo o mercado de agrotóxicos, que movimenta anualmente bilhões de reais, eventualmente elas sofrem ataques ofensivos que, transcendendo o legítimo debate público e científico, visam confundir a opinião pública utilizando subterfúgios e difamações para a defesa e manutenção do uso de substâncias perigosas à saúde e ao meio ambiente.
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A Fiocruz, o Inca e a Abrasco não se eximem de seus papéis perante a sociedade e cumprem a missão de zelar pela prevenção da saúde e proteção da população. Por esta razão têm se posicionado claramente no que diz respeito aos perigos que os agrotóxicos e outras substâncias oferecem à saúde e ao meio ambiente. Desde 2008, o Brasil lidera o ranking de uso de agrotóxicos, o que gera um contexto de alto risco e exige ações prementes de controle e de transição para modelos de produção agrícola mais justos, saudáveis e sustentáveis.
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As pesquisas sociais, clínicas, epidemiológicas e experimentais desenvolvidas a partir de pressupostos da saúde coletiva, em entendimento à complexa determinação social do processo saúde-doença, envolvem questões éticas relativas às vulnerabilidades sociais e ambientais que necessariamente pertencem ao mundo real no qual as populações do campo e das cidades estão inseridas.
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Neste sentido, a Fiocruz, o Inca e a Abrasco estão seguros do cumprimento de seu papel. Portanto, repudiam a acusação de que são guiados por um “viés ideológico” e sem qualidade científica. As referidas instituições defendem os interesses da saúde pública e dos ecossistemas, em consonância com os direitos humanos universais, e firmados pelos princípios constitucionais que regem o Brasil.
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A Fiocruz, o Inca e a Abrasco atuam há décadas em parceria com diversas universidades e institutos de pesquisas, como a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em que atua o professor e pesquisador Wanderlei Pignati – citado em reportagem da revista “Galileu” mencionada abaixo –, e outros que desenvolvem pesquisas sobre os impactos dos agrotóxicos e de micronutrientes na saúde e no ambiente que são idôneas, independentes, críticas, com metodologias consistentes e livres de pressões de mercado. Tais pesquisas vêm revelando a gravidade, para a saúde de trabalhadores e da população em geral, do uso de agrotóxicos, e reforçam a necessidade de medidas mais efetivas de controle e prevenção, incluindo o banimento de substâncias perigosas já proibidas em outros países e o fim da pulverização aérea.
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O “Dossiê Abrasco–Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na Saúde” registra e difunde a preocupação de pesquisadores, professores e profissionais com a escalada ascendente de uso de agrotóxicos no Brasil e a contaminação do ambiente e das pessoas dela resultante, com severos impactos na saúde pública e na segurança alimentar e nutricional da população.
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Os agrotóxicos podem causar danos à saúde extremamente graves, como alterações hormonais e reprodutivas, danos hepáticos e renais, disfunções imunológicas, distúrbios cognitivos e neuromotores e cânceres, dentre outros. Muitos desses efeitos podem ocorrer em níveis de dose muito baixos, como os que têm sido encontrados em alimentos, água e ambientes contaminados. Além disso, centenas de estudos demonstram que os agrotóxicos também podem desequilibrar os ecossistemas, diminuindo a população de espécies como pássaros, sapos, peixes e abelhas. Muitos desses animais também desempenham papel importante na produção agrícola, pois atuam como polinizadores, fertilizadores e predadores naturais de outros animais que atingem as lavouras. O “Dossiê Abrasco” cita dezenas dos milhares de estudos publicados em periódicos científicos nacionais e internacionais de renome que comprovam esses achados.
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É direito da população brasileira ter acesso às informações dos impactos dos agrotóxicos. Faz-se necessário avançar na construção de políticas públicas que possam proteger e promover a saúde humana e dos ecossistemas impactados negativamente pelos agrotóxicos, assim como fortalecer a regulação do uso dessas substâncias no Brasil, por meio do SUS.
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Nesse sentido, a Fiocruz, o Inca e a Abrasco repudiam as declarações do diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher, e de Ângelo Trapé, da Unicamp, veiculadas na revista “Galileu” nº 266, edição de setembro de 2013, e também na entrevista divulgada no site da publicação, que atentam contra a qualidade científica das pesquisas desenvolvidas nessas instituições e, em especial, contra o “Dossiê Abrasco – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na Saúde”.
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As palavras do diretor-executivo da Andef, que tentam desqualificar e macular a credibilidade dessas instituições, são inéditas, dado o prestígio nacional e internacional e a relevância secular que temos na área da pesquisa e formulação de políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação em saúde, bem como na formação de profissionais altamente qualificados.
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A Andef é uma associação de empresas que produzem e lucram com a comercialização de agrotóxicos no Brasil. Em 2010, o mercado dessas substâncias movimentou cerca de US$ 7,3 bilhões no país, o que corresponde a 19% do mercado global de agrotóxicos. As seis empresas que controlam esse segmento no Brasil são transnacionais (Basf, Bayer, Dupont, Monsanto, Syngenta e Dow) e associadas à Andef. As informações sobre o mercado de agrotóxicos no Brasil, assim como a relação de lucro combinado das empresas na venda de sementes transgênicas e venenos agrícolas, estão disponíveis no referido Dossiê Abrasco “Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na Saúde”.
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A Fiocruz, o Inca e a Abrasco não aceitarão pressões de setores interessados na venda de agrotóxicos e convocam a sociedade brasileira a tomar conhecimento e se mobilizar frente à grave situação em que o país se encontra, de vulnerabilidade relacionada ao uso massivo de agrotóxicos.

FONTE:
http://www.abrasco.org.br/noticias/noticia_int.php?id_noticia=1484

Comentário do blog:

Até que enfim uma resposta a esse assassinato em massa que estamos vivendo.
Todos se calavam diante disso, o câncer se espalha como epidemia.
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E os nossos representantes: VEREADORES, DEPUTADOS ETC. nada fazem contra tantas agressões ao meio ambiente e a saúde humana. Cadê o PRINCIPIO DA PRECAUÇÃO ?? Que eu saiba nunca foi aplicado no Brasil.
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Veneno nas partículas no ar que respiramos: Quase todos os dias nossos pulmões e quintais ficam pretos de tanta fuligens das queimadas nos canaviais. Aplica-se aqui o PRINCIPIO DA PRECAUÇÃO ou o ART. 225 da Constituição, porque nunca o aplicaram tanto a justiça ou o legislativo.
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Somos cobaias das grandes empresas...E por lideres temerosos e permissivos.