"Os bons ideais aproximam as pessoas que olham o mundo não apenas para si, mas para todos"Rivaldo R. Ribeiro

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15 de dezembro de 2013

Exumação de Jango, Dom Quixote e as Falsas Ideologias.

João Fidélis de Campos Filho

Os sociólogos, os antropólogos ou até quem sabe os psicólogos teriam maior autoridade para explicar porque certos livros se tornam recordes em vendagem e de certa maneira universais. Hoje há muito lixo que se enquadra neste padrão, contudo há livros clássicos que continuam em evidência e podem ser considerados de grande valia para o aprimoramento cultural dos povos. Um desses, não resta sombra de dúvida, é Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes. Não cabe neste espaço tecer comentários sobre as particularidades da obra de Cervantes, mas apenas constatar um aspecto que o torna fascinante e sempre nos tocou, que é o conflito entre o sonho e a realidade.

Quixote é um sonhador que leva extremamente a sério sua imaginação. Suas miragens hilariantes denotavam a loucura da aventura humana frente a dura constatação da efemeridade e dos infortúnios. Publicado em 1605, Dom Quixote é atual por escancarar as ilusões fictícias propagadas pelas ideologias de estado, que têm o objetivo de conduzir as massas populares e controlar a máquina do poder. Na época de Cervantes os jovens eram induzidos a se tornarem cavaleiros andantes, a lutarem por ideais dos poderosos como se isso fosse uma espécie de realização pessoal. Cervantes fez uma sátira dos que se armavam cavaleiros às cegas e lutavam por causas perdidas. Ele rompeu com a tradição das novelas cavaleirescas que difundiam estas fantasias que serviam à classe dominante e fantasiavam a mente dos jovens.

Justamente por estes fatos que Cervantes continua uma leitura obrigatória. O lado lúdico é indissociável da natureza humana e ele é trabalhado pelas falsas ideologias para induzir as pessoas às crenças inócuas, mesmo num tempo de tanta informação como atualmente. Fiquei abismado outro dia ao ver um fato que comprova os subterrâneos da ignorância humana. Estava assistindo um documentário sobre a China e vi que a população viaja por dias, (em condições nem sempre satisfatórias) e ficam em longas filas das 4 da madrugada em diante para ter um rápido vislumbre do túmulo de Mao Tse- Tung. Dura apenas alguns segundos mas para os fanáticos isto equivale a um século. Para quem não se lembra, o regime comunista implantado à força de baionetas por Mao, conduziu à fome e à miséria milhões e milhões de cidadãos. A China só agora se reergue deste desastre abrindo paulatinamente as portas para o comércio internacional e retornando ao capitalismo. Contudo o povo era obrigado a ler os livros de Mao e a cultuá-lo como um semideus. Hoje persiste esta adoração , fenômeno que comprova claramente os perigos de certas ideologias.

Lembrei-me, a propósito deste assunto , esta tresloucada exumação de João Goulart para verificar seu possível envenenamento. Custo a acreditar nesta hipótese, mas uma coisa é certa: a revolução nos livrou de um perigo iminente. O comunismo nos traria consequências terríveis, nem é bom pensar nisso.

O povo sem consciência política e sem formação cultural não pode decidir livremente seu destino. Já pensou elegermos um presidente tipo Hugo Chaves no Brasil?

João Fidélis de Campos Filho- Cirurgião-Dentista

jofideli@gmail.com

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